9 de agosto de 2010

Anapar defende qualificação dos dirigentes, mas não a certificação

Nos últimos tempos, alguns atores do sistema fechado de previdência complementar passaram a apontar a certificação como o grande remédio para se evitar que a atuação dos dirigentes prejudique as entidades e seus participantes. Quem esposa esta tese acha que um dirigente mais preparado poderá evitar investimentos lesivos ao patrimônio dos participantes e administrará melhor as entidades.
Isto é verdade apenas em parte.
De um lado, é inegável que um dirigente bem preparado reúne melhores condições para gerir o patrimônio dos participantes e seus planos de previdência. A Anapar também defende que os dirigentes tenham qualificação em temas que vão desde questões atuariais e de benefícios até os assuntos envolvendo investimentos e aplicação de recursos. É fundamental investir em qualificação, preparo e formação. Por outro lado, entendemos que qualificação não basta. E nem mesmo é o aspecto mais relevante para que o dirigente seja um bom gestor dos recursos dos participantes. Existem muitos casos de dirigentes tecnicamente muito bem preparados que foram responsáveis por investimentos que causaram prejuízos monumentais às entidades. A qualificação não evitou estes desfalques.
Entendemos que o modelo de gestão das entidades, a gestão compartilhada entre participantes e patrocinadores, a consolidação de processos internos de decisão mais robustos e ancorados em pareceres e análises técnicas, a implantação de mecanismos de controle de risco, e, sobretudo, a fiscalização e acompanhamento permanente dos associados e de suas entidades representativas – estes sim são fatores que podem rechaçar atos lesivos de dirigentes.
No entender da Anapar, é muito mais relevante um modelo equilibrado de gestão, a paridade de representação entre participantes e patrocinadores e a escolha, por estes, de dirigentes autenticamente afinados com seus interesses do que a mera certificação. Também é muito mais relevante que os dirigentes indicados pela patrocinadora possam gerir a entidade com autonomia e em consonância com as melhores práticas, sem submissão aos interesses da patrocinadora.
Para bem dirigir a entidade, o dirigente escolhido pelos associados não depende de um profundo preparo técnico. Ele precisa, sim, ter capacidade para escolher os técnicos que prestarão serviços à entidade. Precisa ter discernimento, habilidade para gerenciar e decidir, maturidade para analisar os mais variados temas da entidade com profundidade e espírito crítico, percepção aguçada para detectar parceiros e prestadores de serviço interessados em explorar as entidades. Estes atributos não se adquirem em bancos de escola ou em entidades certificadoras, mas pela experiência de vida e atividade em qualquer segmento da vida – e não necessariamente em fundos de pensão.
Se for possível resumir tudo em uma palavra, o bom dirigente precisa ter liderança. E liderança não se certifica, mas se comprova na labuta diária.
Quem pensa a certificação como solução para todos os males acredita em uma ilusão tecnicista de que a pessoa diplomada será aquela mais habilitada a gerir a entidade. Se assim fosse, nosso Presidente da República não teria construído a liderança e o prestígio mundialmente reconhecidos, pois teria sido barrado anteriormente por um órgão certificador.
Finalmente, a Anapar avalia que a ardorosa defesa da certificação pode ter o mal disfarçado propósito de afastar da gestão das entidades as mais autênticas lideranças de entidades de classe dos trabalhadores, para evitar que o interesse destes seja defendido.
Por isso tudo a Anapar reafirma: qualificação sim; certificação não.
Fonte:Anapar

Sobre o Blogueiro:
Rogério Ubine é carteiro na cidade de Ribeirão Preto, Diretor Nacional da FENTECT e Vice Presidente do Comitê Postal da UNI-AMÉRICAS

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