Conselheiros presente no Congresso da Abrapp
“Podemos financiar o nosso crescimento com recursos internos”, disse na última sexta-feira Murilo Francisco Barella, titular da Secretaria de Políticas de Previdência Complementar (SPPC), referindo-se em especial à poupança previdenciária capitalizada pelos fundos de pensão e às condições favoráveis observadas nos mercados financeiro e de capitais e na economia brasileira em geral. Barella, expositor na sessão plenária 3, que encerrou em Recife o 31º Congresso Brasileiro dos Fundos de Pensão, salientou o potencial que o País tem pela frente, a partir de uma taxa maior de crescimento acompanhada de distribuição da renda. De fato, observou na mesma linha em sua exposição o economista Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores, “o longo prazo no Brasil deixou de ser o ano que vem para abranger uma década”.
Barella bateu na tecla de que em seu ciclo atual o crescimento da economia beneficia uma porção muito maior da população. “Os mercados relacionados ao consumo popular ganharam maior relevância e disso os investidores podem tirar partido, ao mesmo tempo em que se observa uma crescente bancarização e popularização do crédito”, notou o Secretário da SPPC, que apontou outros aspectos positivos percebidos no mercado: a ciranda-financeira chegou ao fim, os setores privado e público estão adimplentes e a dívida pública beneficia-se de um quadro de alongamento e pré-fixaçãoCastro mostrou também um quadro positivo, ainda que notando que o Brasil se destaca internacionalmente em boa parte porque o mundo industrializado vai mal, mas advertiu que “há 16 anos os gastos correntes crescem quase que ininterruptamente acima do PIB”. Disse também para os brasileiros tomarem cuidado com a previsão de um recrudescimento da crise mundial nos próximos dois anos e, para os dirigentes de fundos de pensão em particular, recomendou que estejam atentos à possibilidade de a presidente eleita, Dilma Rousseff, tentar cortar os juros, algo que ameaçaria tornar ainda mais imprópria a atual taxa atuarial de INPC + 6%. Salientou propostas como a adoção de uma nova estrutura tributária, controle das despesas públicas e transparência na cobrança dos impostos.
Outro expositor na mesma plenária, Ary Graça Filho, presidente da AGF Empreendimentos, defendeu uma revolução na educação, para que o Brasil se torne efetivamente competitivo, e na mesma linha de Castro defendeu o redimensionamento do Estado brasileiro, que chamou de “paquiderme”, causa de uma enorme carga fiscal e trabalhista. Pediu também, em nome de uma maior proteção dos investidores, o fortalecimento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para que esta possa ser mais rigorosa nas punições que aplica, ao mesmo tempo em que pregou um maior respeito aos minoritários e um fluxo de informações “menos nebulosas” para o mercado. Já Cassio Schmitt, responsável pela área de Project & Acquisition Finance do Santander, afirmou que, para atrair investimentos em infraestrutura, o País deve buscar marco regulatório que induza regras transparentes e agências reguladoras independentes, ao mesmo tempo em que projetos que ofereçam fluxo de caixa estável e geração previsível de dividendos, com ausência de riscos de reinvestimentos e ativos relacionados à inflação e que casem com os passivos. (Diário dos Fundos de Pensão)
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