30 de agosto de 2012

Queda da Selic prejudica meta de fundos de pensão

A queda das taxas de juros no Brasil desenhou uma nova realidade para os fundos de pensão, acostumados ao retorno garantido dos títulos públicos. O diretor de investimentos da Previ, Renê Sanda, alerta que em um ano, no máximo, nenhum papel do governo vai oferecer rentabilidade suficiente para assegurar às fundações o cumprimento das metas atuariais. Segundo ele, essa preocupação já está no radar do governo, que estuda baixar o teto da meta atuarial, fixada hoje em 6% mais inflação. Para o presidente da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), José de Souza Mendonça, o setor deverá ter um cuidado maior na gestão dos ativos agora que a temporada de ganhos fáceis com títulos públicos acabou. "Correr risco não é pecado. Pecado é não saber o risco que se está correndo", argumentou. Sanda acredita que boa parte dos recursos que vão migrar do conforto dos papéis do governo deve acabar engordando o volume de negócios da bolsa de valores. Esse movimento é bem-visto pelo executivo, principalmente pelo fato de o mercado acionário operar atualmente com preços convidativos. "Acho que será uma tremenda oportunidade de formar uma carteira nesses pequenos fundos que farão com que essa rentabilidade sejam facilmente superada." E completou: "É interessante fazer esse movimento quando se tem pechinchas na bolsa". Para o diretor da Funcef, Maurício Marcellini, as grandes fundações se prepararam para esse cenário. Mas será preciso uma calibragem no setor. O principal problema hoje, pondera, é que existe um número grande de fundações ainda muito aplicadas em renda fixa. "Não tem mágica. Ou se aumenta o risco dos investimentos, ou se eleva as contribuições, ou se adia a aposentadoria. Essa discussão está permeando o setor." Uma das estratégias vislumbradas pela Funcef para obter mais rentabilidade em suas aplicações é elevar a fatia de investimentos para operações estruturadas. O objetivo é sair dos atuais 7% da carteira para um nível entre 10% e 12% nos próximos cinco anos. Já Sanda lembra que a Previ precisou também modificar o perfil das aplicações em renda fixa. "O primeiro passo foi fugir da Selic, o que já fizemos. Estamos hoje com uma carteira (em renda fixa) indexada a inflação", explicou. "A mudança brusca do patamar dos juros foi objeto de algumas mudanças estratégicas na Previ, como o maior apetite a risco privado." A carteira de títulos privados cresceu de R$ 4,3 bilhões no fim do ano passado para R$ 7,2 bilhões em junho. Mas, para o executivo, não há ativos em renda fixa privada suficientes para atender a necessidade crescente dos fundos de pensão. "Nas poucas emissões que ocorreram este ano, a taxa de risco foi muito baixa. Acho que está havendo um excesso de demanda. O risco de crédito, às vezes, não está sendo bem precificado", argumentou. O risco de crédito também preocupa a Funcef. Segundo o diretor, a fundação tem optado por ficar fora dessas emissões por considerar que a rentabilidade oferecida não compensa o risco de crédito envolvido. O governo deve baixar ainda este ano o limite da meta atuarial dos fundos de pensão, atualmente em 6% mais inflação, segundo o diretor da Previ. A expectativa é de que o teto da meta caia para 5,5% este ano, chegando em 4% mais inflação em quatro anos. O setor já vem se antecipando a essa mudança. Dados da Previc mostram que 57% das fundações já trabalham com metas mais baixas do que o limite fixado pelo governo. Em 2009, esse porcentual era de 39%. Mas Mendonça, da Abrapp, não vê necessidade desse ajuste. Para o executivo, a regra se refere ao teto da meta e as fundações podem fazer sozinhas essa calibragem. Fonte: (O Estado de S. Paulo de 25/08)

Esta decisão de diminuir o retorno de aplicação abaixo dos 6% nos planos do Postalis traz dois problemas. No Postalprev ele exigirá que os participantes façam um esforço maior contributivo para alcançar os mesmos objetivos, uma vez que o retorno ficará abaixo do previsto. No BD saldado, isto resultará imediatamente em deficit, na medida que deveremos adequar as expectativa de ganho ao longo do prazo.Para fazer uma adequação sem tropeço seria necessário termos um superávit considerável para diminuir 0,5%, o que não temos. Também com a queda no juro da taxa selic , os fundo deverão correr mais risco com crédito privado. Para os fundos, aplicar em títulos públicos era um conforte. Agora teremos que ter mais profissionalismo para atingir nossos objetivos.

Sobre o Blogueiro:
Rogério Ubine é carteiro na cidade de Ribeirão Preto, Diretor Nacional da FENTECT e Vice Presidente do Comitê Postal da UNI-AMÉRICAS

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