No ultimo mês
de agosto, 28/08, fui surpreendido com a notícia publicada no jornal valor
econômico. Esta noticia dava conta de uma fraude milionária praticada contra o
nosso instituto de previdência complementar o POSTALIS. A fraude em questão foi detectada pela SEC(Securities
and Exchange Commission)
que equivale aqui no Brasil a CVM(comissão de valores mobiliários),
entidade que fiscaliza e edita normas para o mercado financeiro.
Como
conselheiro recebi a notícia por um companheiro sindicalista do Rio Grande do Sul,
questionando via email a matéria assim que foi publicada no jornal. Imediatamente
convocamos reunião extraordinária do conselho deliberativo do POSTALIS. Na
reunião questionamos o presidente do Postalis e o diretor financeiro do instituto acerca da matéria.
Recebemos informações parciais sobre o FUNDO. O fundo em questão eram aplicações
em títulos da divida externa do Brasil e títulos privados, vinculado ao dólar,
sendo que os limites de aplicação são 80% em titulo público da divida externa brasileira
e 20% de títulos da divida privada.
Nas
informações o diretor financeiro colocou que em maio de 2011 a CVM comunicou ao administrador BNY MELLON
sobre procedimento de apuração contra o gestor terceirizado Atlântica. Na
oportunidade o Postalis enviou carta ao gestor ATLANTIDA e ao administrador BNY
MELLON que não poderia movimentar o fundo sem o consentimento do POSTALIS. Em
dezembro de 2012, o gestor trocou as posições no fundo, desenquadrando o fundo frente
a resolução 3.792 da CVM, ou seja, trocou
por titulos privado(títulos da divida
externa da Venezuela e Argentina). Em janeiro de 2012 o gestor do ATLANTIDA
renunciou a gestão.
Ocorre que com
todos estes acontecimentos, em nenhum momento a diretoria do Postalis, colocou
o conselho deliberativo a par dos acontecimentos. Ficamos sabendo como qualquer outro
participante “em parte pelo jornal” e outra quando cobramos explicação após a
notícia citada.
Cabe dizer que
o papel do Conselho Deliberativo é definir a política de investimento e
acompanhar sua execução pela diretoria financeira. Quem aplica e decide os
investimentos a ser feito é a diretoria financeira, com auxilio do comitê de investimento.
O conselho somente delibera em atividades que for superior a 5% do patrimônio
do plano ou imóvel. Como 5% do patrimônio é 350 milhões nada vem para o
conselho sobre decisão de investimento. É importante deixar claro, pois muitos
participantes acham que o conselho deliberativo executa investimento. O papel
executor é da diretoria executiva, que esta a disposição do POSTALIS os 30 dias
do Mês. Os conselhos acompanham os resultados apresentados pela diretoria
executiva nas reuniões que ocorrem uma vez por mês, ou extraordinariamente
quando convocado. Isto é importante dizer, porque muitas pessoas confundem o
papel de conselheiro com diretor executivo, como o nome diz executivo que
executa as políticas definida pelo conselho.
No final do
mês de Setembro a PREVIC- autarquia que fiscaliza os fundos de pensão terminou
auditoria de rotina que vinha fazendo a quase dois anos no POSTALIS. No relatório final a auditoria constatou uma
série de desquadramentos nos investimentos do POSTALIS frente a PI(Política de Investimento
) e a resolução 3.792 da CVM. Estes desenquadramento necessariamente não quer
dizer prejuízo ao participante, porém o espírito da resolução e da política de investimento e de
colocar os ovos em várias cestas , para se caso caia uma cesta , os outros ovos
estejam protegidos. O que pode se notar é a sonegação das informações aos
conselhos e a falta de prudência que a resolução e a PI exige. A fiscalização
da PREVIC enviou várias determinações e recomendações ao conselho deliberativo
e ao conselho fiscal principalmente para tomar conhecimento dos problemas
encontrados bem outras tantas para diretoria executiva para sanar esses
problemas.
No final do
ano passado, houve a decisão da diretoria financeira de provisionar aproximadamente
quase 200 milhões por diversos motivos nos investimentos, ou seja, problema de
adimplência e de pagamentos desses investimento. Também não quer dizer que o
investimento se perdeu, porque muitos estão em renegociação e podem voltar a
ser contabilizado nos ativos, porém a prudência recomenda o provisionamento
como possível perda. Isto elevou o
déficit para 392 milhões no plano BD saldado. No inicio do ano, venceu o
mandato do antigo diretor financeiro e o gerente de aplicação do Postalis foi
conduzido por indicação da patrocinadora ao posto de diretor financeiro.
Nota-se que apesar de estar no cargo a partir de Fevereiro, o diretor indicado era
gerente de aplicações no POSTALIS e membro do comitê de investimento há vários
anos, sendo conhecedor da situação do instituto.
Também o
presidente do instituto assumiu em Março em substituição ao antigo presidente
que venceu o mandato. O presidente trabalhou com o presidente da ECT Wagner
Pinheiro na Petros e foi indicação dele.
No inicio do
mandato do atual diretor financeiro foi colocado claramente que o conselho
cobraria resultados porque o instituto fechou com déficit de 392 milhões, sendo necessário um
plano de reversão do déficit. Este plano foi apresentado na 3.ª reunião
ordinária em 02 de abril de 2012 pela Diretoria Financeira, que na prática não
funcionou. Em setembro descobrimos que grande parte dos ativos estavam ilíquidos, ou seja, não é
possível realocar a curto espaço de tempo os investimentos. Nosso déficit
técnico acumulado no plano BD em
setembro/2012 é de 765 milhões, nota-se não somente a não reversão do déficit
do ano passado, mas o aprofundamento dele , principalmente por desempenho dos
ativos.
Decisão do Conselho
O conselho
deliberativo se reuniu várias vezes desde a divulgação pelo valor econômico da
matéria sobre a fraude denunciada pela SEC. Também várias reuniões para
responder aos questionamentos da PREVIC. Entre as decisões do conselho
destacamos:
a) Auditoria
no FIDE (FUNDO DE INVESTIMENTO DIVIDA EXTERNA) e contratação de escritório de
advocatícia para buscar informações junto a CVM e processar quem de direito tenha dado
prejuízo ao fundo , visando à recuperação de nosso investimento e
responsabilização dos envolvidos.
b) Contratação de consultoria para reestruturar a
área de financeira garantida dupla checagem e melhoria nos controles internos.
Reformulação na área de Compliance para acompanhar de perto os indicadores e
controle.
c) Auditoria
especial no FIDE (fundo do exterior) .
d) Troca
dos gestores dos fundos terceirizados.
e) Proposta
de exoneração do diretor financeiro do POSTALIS, pelos seguintes motivos: falta
de confiança na medida em que não passava informações importantes aos
conselhos. Falta de desempenho com crescimento do déficit. Falta de comunicação
e providências imediatas junto ao GESTOR E ADMINISTRADOR DO FIDE (FUNDO DE
INVESTIMENTO DA DÍVIDA EXTERNA).
f) Divulgação
das ATAS do conselho deliberativo a todos os participantes, garantindo sigilo
somente em informação de mercado financeiro que fira a lei.
Na votação sobre
a destituição do Diretor Financeiro ouve uma primeira indicação dos
conselheiros Rogério Ubine, Tânia Munari, Reginaldo Alcantara(eleitos ) e
Marcos Antonio ( Indicado) pela sua exoneração e a contrariedade dos
conselheiros Ernani Coelho e Julio Vicente Lopes. Os conselheiros contrários
pediram vistas e a votação foi jogada para o dia 14/11. Já na reunião do dia 14
votaram a favor da exoneração os conselheiros Rogério Ubine, Tania
Munari(Conselheiros Eleitos) e Marcos Antonio (conselheiro indicado pela
empresa). Votaram contra os conselheiros Ernani Coelho, Julio Vicente Lopes e
Reginaldo Alcantara. Com o empate a decisão foi para o voto de minerva que é da
empresa e o presidente do Conselho Ernani Coelho decidiu pela não exoneração do Diretor Financeiro.
Entendo que para
proteção dos participantes do POSTALIS, necessitamos de reforma estatutária urgente.
Diretoria do POSTALIS tem de ser somente pessoas da ECT. Pelo menos 2 diretores
tem de ser eleitos. Reforma do comitê de investimento com as presenças
participantes ativos e assistidas, patrocinadora, conselheiros. Estamos
colocando esta discussão no conselho, mas sem a participação efetiva das
entidades de funcionários não conseguiremos nada. Precisamos de uma união de
todos pra resgatar nosso FUNDO DE PENSÃO.
Toda mudança estatutária necessita de ter acordo da patrocinadora. Então
ainda que aprovarmos no Conselho deliberativo a ECT(governo) pode vetar.
A situação é difícil,
como conselheiro assim que tomei conhecimentos, desde 28 de Agosto, estamos se
reunindo tomando a medidas que achamos necessárias. Mas somente o envolvimento
de todos pode mudar este jogo. Há cinco anos temos uma pauta de democratização do
Postalis, reforma do POSTALPREV . Há cinco anos que esta engavetada. Em
dezembro do ano passado foi feito um trabalho de revisão do estatuto que está
parado. Ou nós participantes e suas entidades tomam medidas claras de uma
campanha em defesa de democracia e controle do POSTALIS, ou amanhã pode ser
tarde demais. Se em outras épocas aconteceram casos suspeitos e não se
investigou, neste conselho estamos tomando todas as medidas de apuração. Estamos
tomando providências e esperamos que se
investigue e se tiver culpados que paguem. Estamos lutando para recuperar
eventuais perdas.
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