17 de setembro de 2013

Halloween da Previdência Social


Sempre que nos aproximamos do Halloween ou outra festa semelhante, penso no terror que muitos contribuintes enfrentam nas catacumbas do INSS, sem trevessuras muito menos gostosuras

Sempre que nos aproximamos do Halloween ou outra festa semelhante, lembro-me das noites de lua cheia em que nos assentávamos em círculo para ouvir histórias de terror e suspense, incluindo os contos inusitados de um vizinho que um dia adoeceu e, conforme seu relato, teve que entrar na mansão mal assombrada da Previdência Social em busca  de  algum auxílio. Geralmente, tais histórias de terror vinham acompanhadas de uivos e gemidos a respeito das manifestações sombrias da Previdência na vida dos contribuintes, isto é, o modo macabro através do qual a instituição governamental lhes negava o benefício a que tinham direito. Um horror! Mesmo sem compreender muito bem o que se passava no casarão da Previdência Social, eu dizia: “Sinistro! Eu hein! Cruz Credo! Tomara que eu nunca precise entrar lá!” Pra quê eu fui abrir minha boca? Anos depois eu fiquei doente e tive que visitar o porão do INSS em busca de assistência. Foi assim que a maldição da Previdência Social passou a rondar a minha vida todas as noites e todos os dias. É apavorante! Em contrapartida, vi coisas de outro mundo que agora podem servir de inspiração para os leitores que querem se programar para o Halloween ou outro evento de caráter funesto. Então, preparem suas abóboras e curtam uma história de terror genuinamente brasileira.

O pavor começou quando percebi que a mansão da Previdência parecia um labirinto subterrâneo. A gente entra com um problema, vai pra um lado, segue por outro, vira pra cá e pra lá, dá mais umas três ou quatro voltas e, quando parece que vai encontrar a saída, tem que começar tudo de novo. Ficamos com a sensação de que estamos andando em círculos, arrastando correntes, documentos, exames, feridas, dores e muletas sem chegar a lugar algum. Como se isso não bastasse, a gente se sente perdido e completamente abandonado. É um labirinto escuro e deserto onde nem o Minotauro liga pra nós, muito menos o Governo. Dá medo e vontade de vomitar.

Minha situação ficou ainda mais sombria no momento em que virei num corredor estranho e dei de cara com uma múmia, isto é, uma pessoa toda enfaixada e imobilizada tentando provar para o INSS que ela estava sem condições de trabalhar. Pasmem! Mesmo sendo notório que tal contribuinte não conseguiria trabalhar nem mesmo no sarcófago de um museu egípcio, os técnicos da Previdência alegavam que sua condição não justificava a liberação do benefício. Eu até virei o rosto para não ver aquela cena horripilante, e isso foi a pior coisa que eu fiz, pois do outro lado do salão jazia uma multidão de mutilados que mais pareciam zumbis com os olhos vidrados no painel eletrônico esperando sua senha. Eram como mortos-vivos, mais mortos do que vivos, gemendo e suspirando por um serviço social decente. Pense no clip da música Triller, do Michael Jackson. Pensou? Agora multiplica por dez. Cemitério maldito. É daí pra pior.

Pouco antes de sair da casa mal assombrada da Previdência Social, e depois de ter visto muita coisa mórbida, confesso que senti falta dos vampiros. Olhei por todos os lados mas não os vi em lugar algum. Achei muito esquisito e fiquei um tanto apreensivo com isto. Então um senhor bem velhinho que frequenta a mansão há muitos anos me tranquilizou dizendo que os vampiros raramente aparecem. Eles costumam ficar de longe, atrás de suas mesas e de seus cargos, sugando o sangue da gente através dos impostos, taxas, contribuições, leis, perícias fantasmas etc. Assim a gente vai secando e, sem defesa, vai perdendo a alegria, a esperança, a saúde, o emprego e a vida; até morrer sem o benefício.

Por essas e outras, sempre que nos aproximamos do Halloween, festa tipicamente norte-americana, eu penso no pânico que milhares de brasileiros enfrentam nas catacumbas do INSS, onde não há nada de travessuras muito menos gostosuras, sendo uma festa genuinamente nacional na qual só o governo se diverte. Buu!!! 

FONTE :Flávio Rolo - Administradores

Este artigo de Flávio Rolo retrata a realidade dos segurados do INSS. Se é verdade que para solicitar a aposentadoria por tempo de trabalho se agilizou, também é verdade que no auxilio doença a coisa se barbarizou. Pior é quando o trabalhador , fica sendo jogado da empresa para o INSS e do INSS para a empresa como peteca, sem receber nada. Uma vergonha.

Sobre o Blogueiro:
Rogério Ubine é carteiro na cidade de Ribeirão Preto, Diretor Nacional da FENTECT e Vice Presidente do Comitê Postal da UNI-AMÉRICAS

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