25 de abril de 2010

A previdência e o consumo fácil

Reproduzimos, em seguida, artigo de Helder Molina, presidente da Mongeral Aegon, publicado originalmente no jornal Valor: “Em tese, futuro e previdência deveriam ser palavras indissociáveis. A primeira dá conta do que está para acontecer e está relacionada ao bem-estar e à possibilidade de progredir. A outra, segundo o dicionário, é a previsão do futuro; possibilidade de ver antecipadamente. Por silogismo simples, chega-se à conclusão óbvia de que a previdência é indispensável para o futuro.
A prática, no entanto, tem mostrado uma realidade diferente. Seja pela falta de uma cultura de poupança - bombardeada por um modelo comportamental copiado das grandes potências, principalmente a americana -, o fato é que, nas últimas décadas, a sociedade brasileira caminhou na direção do consumo e na crença do crédito fácil. Assim, diante dos baixos rendimentos da poupança, das dificuldades financeiras e do consumo exagerado, a cultura do guardar ficou de lado. Por outro lado, da década de 80 para cá, além do aumento da informalização, houve uma crescente participação de empregados por conta-própria no total dos ocupados e a terceirização do mercado de trabalho, piorando o cenário futuro da previdência social brasileira.
O setor de serviços já ocupa, hoje, mais da metade da força de trabalho como um todo e corresponde a quase três quartos da população ocupada urbana. Se há uma tendência no aumento do desemprego estrutural e da informalização, estamos nos afastando da estrutura tradicional da ocupação e do contrato-padrão e, consequentemente, alterando o modelo no qual a previdência social montou seu aparato arrecadador.
O fato é que tantas variáveis do mercado, atreladas às mudanças que ocorreram no sistema previdenciário brasileiro nos últimos anos, estão gerando o esgotamento do sistema público e impulsionando o interesse da população para o setor da previdência complementar.
Daí o importante papel da previdência privada, que ganha cada vez mais força no mercado brasileiro e passou a desenhar novos modelos, modificando, inclusive, o papel das empresas no planejamento financeiro dos seus colaboradores.
É cada vez maior o número de empresas que oferece planos de previdência privada a seus funcionários, benefício até recentemente tido como privilégio das grandes corporações, que davam os planos para não perder executivos talentosos e mão de obra especializada para a concorrência.
Não se trata apenas de uma preocupação com o futuro dos funcionários, mas na relação com eles. As empresas começaram a perceber que não adianta reclamar que no Brasil não há cultura de poupança e que o brasileiro é originalmente consumista.
Elas também são responsáveis pela educação financeira dos cidadãos, ainda que só seus trabalhadores. Mais do que inserir seus colaboradores dentro de um plano previdenciário, é preciso também que as empresas tomem para si o papel que têm diante desse cenário.
E apesar da preocupação com o futuro estar aumentando dentro das empresas, é preciso avaliar os riscos na hora de escolher um produto sob medida. Para comprar exatamente o que se precisa, é necessário avaliar os fundos de acumulação, as vantagens fiscais, além, é claro, das reais necessidades financeiras de acordo com o perfil dos funcionários.
Por isso, a função das empresas deve ser desde o desenho do plano, que obriga verificar as necessidades dos funcionários, até o acompanhamento do mesmo - ou seja, verificar se o proposto está sendo cumprido e alinhado às políticas da empresa.
Dentro desse processo, é preciso investir em comunicação e vislumbrar uma mudança de cultura desses colaboradores. O processo de comunicação deve explicar o que é o produto, seus retornos e riscos e, principalmente, deve prever a implantação de um programa de educação financeira para os funcionários.
Com tantos pré-requisitos, somente a presença de um profissional qualificado é capaz de aperfeiçoar todo esse processo. Afinal, nenhum indivíduo é igual a outro e cabe ao profissional especialista avaliar os perfis para oferecer o melhor produto. Além disso, se até então uma marca forte era suficiente para a compra de um produto financeiro, agora, é necessário estar atento à saúde financeira da empresa, sua solidez e tradição.
Empresas e trabalhadores não podem ficar de braços cruzados. É legítimo cobrar o Estado, mas é sempre mais seguro cuidar do próprio futuro, procurando o melhor lugar para investir seu dinheiro.
Um mínimo de planejamento financeiro é o passo inicial para a realização de sonhos. É possível se programar para comprar um carro, financiar uma boa educação para os filhos ou garantir uma aposentadoria confortável. E essa é a hora. Afinal, para "blindar" o futuro é preciso acreditar que, no presente, temos esta oportunidade”.
Fonte:Valor

Sobre o Blogueiro:
Rogério Ubine é carteiro na cidade de Ribeirão Preto, Diretor Nacional da FENTECT e Vice Presidente do Comitê Postal da UNI-AMÉRICAS

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